JÚLIA D’ALMENDRA (1904-1992): Alma do Movimento Gregoriano em Portugal
Devo a Júlia d’Almendra e às Semanas Gregorianas o ter conhecido e privado com personalidades do passado de cuja envergadura só mais tarde me dei conta e me orgulho de ter conhecido e tido como colegas alguns que marcaram decisivamente a música das décadas seguintes: professores, compositores, musicólogos, organistas, directores cantores, etc. Tínhamos ali uma formação musical alicerçada na amizade, serenidade, confiança, boa disposição, prática no contexto litúrgico, mas também marcada pelo rigor, a disciplina no estudo, um grande equilíbrio entre aulas, ensaios, conferências, concertos de órgão, num ambiente em que se respirava a espiritualidade que emanava, então com mais vigor, da Cova da Iria: pelas janelas das salas de aula, iluminadas pelo sol de cada manhã, contemplávamos a Capelinha, o Santuário, a grande esplanada, que eram, ao mesmo tempo, cenário e espaço de oração, de estudo, de celebração.