DOMENICO BARTOLUCCI (1917-2013): “Dalla passione per la musica alla musica per La Passione”

La Passione di Cristo, para além da qualidade e monumentalidade, que a colocam porventura como capolavoro do seu autor, exibe não só todos os recursos de uma prodigiosa técnica de composição, que Bartolucci utilizava de forma exemplar, mas também um percurso biográfico, centrado na Catedral de Florença, inspirando esta obra nas pinturas que contemplava desde tenra infância, durante as celebrações das “três horas de agonia”, em Sexta-feira Santa, emocionando-se com as cenas da Paixão de Cristo, ali representadas pelos grandes pintores florentinos. Mais ainda, é uma expressão clara do processo de composição de Bartolucci, um processo que sujeitava cada obra a uma metamorfose constante, nunca acabada, antes, sujeita à impiedosa acção de uma borracha. E a sua longa vida permitiu-lhe ter uma visão mais clara, global, completa e segura da obra, no seu estilo modale – que ele considerava o caminho para uma linguagem musical capaz de produzir obras com futuro garantido – sujeitando então a esse ideal de modalidade toda a sua obra.