Os Corais para Órgão de César Franck

 ARTIGO DE REFLEXÃO SOBRE UMA OBRA IMPAR DA LITERATURA PARA ÓRGÃO. O SEU SIGNIFICADO NO CONTEXTO DA LITERATURA ORGANÍSTICA ANTERIOR E POSTERIOR E AINDA DA PRÓRPIA OBRA ORGANÍSTICA DE CÉSAR FRANCK

Estamos efectivamente em presença de um testamento, na medida em que esta trilogia não só representa um resumo de toda a obra que o autor legou para a posteridade – constituindo mesmo a sua obra derradeira, composta no verão de 1890, uns meses antes de morrer –  mas define também uma herança que haveria de orientar os compositores das gerações seguintes no caminho de uma verdadeira renovação da literatura para órgão nomeadamente em França. Trata-se também de uma afirmação de fé, em primeiro lugar, na Santíssima Trindade, já que não estamos simplesmente em presença de três corais, como se pudessem ser dois ou trinta, a exemplo de outros compositores que compuseram corais para órgão; estamos em presença de uma autêntica “trilogia” em que as relações de continuidade e de contraste, as relações de proximidade estrutural, as relações com a restante música para órgão nos revelam um sentido de unidade verdadeiramente impressionante. Uma afirmação de fé pelo estado de elevação e quase de arrebatamento extático que a sua audição provoca, pois, como dizia alguém, “quase não nos deixam respirar”, tal é a densidade harmónica e o sentido de liberdade rítmica ali presente bem como uma constante “presença-ausência” dos seus elementos temáticos.


 

Similar Posts