Italo Bianchi (1936-2023)

Exéquias de Ítalo Bianchi, 02_05_2023

Um pouco por acaso, quando procurava uma fotografia dele na Net, acabei de saber que, no passado 30 de Abril, faleceu o Maestro Ítalo Bianchi, meu professor de composição no PIMS de Roma. Trata-se de uma pessoa a quem devo praticamente tudo o que sei ao nível da composição musical pois foi ele que, mais do que ninguém, me ensinou a arrumar as ideias e os ensinamentos que fui recolhendo de outros mestres, dando-me pistas para o desenvolvimento futuro do que ia aprendendo. Era um homem que primava pelo rigor no seu ministério de docente como na musica que escrevia; ao mesmo tempo exibia uma imagem de grande simpatia e humildade, qualidades humanas e espirituais que ficarão na memória de quantos privaram com ele e sobretudo foram seus alunos. Na última vez que me encontrei com ele, nos inícios de Novembro de 2001, em Roma, só me sabia dizer: “Estuda os Quartetos de Mozart“!… Não escrevo mais porque não saberia dizer por palavras o sentimento de perda que a sua partida me deixa, e que me levou às lágrimas ao escrever esta notícia; mesmo que, por não ter ultimamente notícias dele, já suspeitasse do seu eventual falecimento. Também não sei dizer melhor acerca do quão grato me sinto ao seu ensino, à sua amizade, à sua estima e até admiração que me testemunhou por diversas formas. Foi ele que teve a “ousadia” de me dizer: “Tu farás música; eu faço p’ra aqui umas coisas”!… Então vejamos um resumo das “coisas” que ele fez:

Nasceu em Castelnuovo di Garfagnana, Província de Lucca, na Toscania, a 13 de Agosto de 1936. Aluno e discípulo de Domenico Bartolucci, compôs cinco Sinfonias, dois Quartetos de Cordas, uma Missa de Requiem, várias Missas baseadas no Canto Gregoriano, música de câmara, três Sonatas para Órgão entre outras peças, inúmeros trechos de música polifónica, sacra e profana, nomeadamente composições de carácter popular centradas no folclore da sua terra, Garfagnana, na região de Florença.  A partir de 1970 foi professor de Harmonia, Contraponto e Fuga, no Pontifício Instituto de Música Sacra até à idade de aposentação. Em 2006 escreveu as músicas para a Missa que o Papa Bento XVI celebrou no Estádio Bentegodi de Verona, por ocasião do IV Encontro Eclesial Nacional, onde incluía a Missa “De Angelis” ,interpretada por um coro de cerca 4.000 cantores, provenientes de toda a região do Veneto. A 8 de Maio de 2011, aquando da visita do Papa Bento XVI a Veneza, compôs as músicas para a celebração eucarística onde participaram cerca de 300.000 pessoas, cantadas por um coro de cerca de 1.000 elementos.

Passou os últimos anos de vida junto de sua irmã, cunhado e sobrinhos, em Castelnuovo di Garfagnana, onde faleceu a 30 de Abril de 2023, com a idade de 86 anos.

Publicou grande parte das suas obras na Editora Carrara onde podem ser adquiridas on line.