A DIVINA EUCARISTIA – Evocação do autor de um cântico centenário: Joaquim Dias Parente

O Padre Joaquim Dias Parente nasceu em Alpedrinha, município do Fundão, em 1887, frequentou o Seminário do Fundão – Diocese da Guarda – onde realizou o estudos humanísticos e religiosos, tendo composto uma Balada para a conclusão e despedida o seu Curso, ao estilo das Baladas cantadas pelos estudantes da Universidade de Coimbra, tendo sido um dos fundadores da Tuna Alpedrinhense, em 1902. Foi pároco de Santa Maria de Manteigas, entre os anos 1910-1957. Deixou o seu nome ligado à cultura religiosa, ao teatro e às práticas musicais tanto amadoras como eruditas. Músico “por irrepremível vocação”, compôs cânticos religiosos diversos, e também música destinada ao teatro, colaborando ainda na renovação das Bandas de música para as quais escreveu e adoptou muitas partituras. O cântico que o tornaria famoso é precisamente o “Santos Anjos e Arcanjos”, património litúrgico do povo que ignora o seu autor. Este cântico ficou na memória do povo português desde que foi cantado durante o Congresso Eucarístico Nacional, realizado em Braga no ano de 1924, tendo sido também cantado em Roma, por ocasião da peregrinação nacional, realizada por ocasião do VII Centenário da morte de São Francisco de Assis, e das celebração do Ano Santo de 1925.Do ponto de vista do texto temos um poema simples, ingénuo, expressão do devocionismo que vigorava então, centrado na dimensão sacrificial da Eucaristia com alusão ao “Cordeiro misticamente imolado”, evocação do repertório tradicional quer de jaculatórias quer de Hinos como o “Ave Verum” na expressão “De Maria sempre Virgem, fruto do ventre sagrado”, alusões à presença real no Sacrário, como “Sacramento, fiel companheiro a toda a hora e momento”, convidando à adoração e não à comunhão, não deixando de evidenciar referências de carácter litúrgico como o apelo aos “Anjos e Arcanjos” para que se unam ao nosso canto, com evidente referência à conclusão dos Prefácios, ao lado da referência ao Cordeiro imolado, com ressonâncias da Sequência “Victimae paschali laudes”, etc. Do ponto de vista musical temos uma partitura muito simples, com a alternância entre o modo menor nas Estrofes e o maior no Refrão, embora sem uma adequada solução harmónica de continuidade, com o recurso ao canto em terceiras no Refrão.

Foi essa a opção que fizemos no trabalho agora realizado e que aqui apresentamos