José de Leão Cordeiro (1932-2024)

Faleceu, aos 91 anos de idade, uma das figuras mais importantes na implementação da Reforma Litúrgica em Portugal, o P. José de Leão Cordeiro. Ordenado em 1965 por D. Manuel Trindade Salgueiro, arcebispo de Évora, especializou-se em Liturgia no Instituto Superior e Liturgia de Paris. Foi membro do Secretariado Nacional de Liturgia desde 1972, onde colaborou na publicação, tradução e revisão dos livros litúrgicos, um inestimável contributo dado à inteligência da Sagrada Liturgia e ao estudo da Ciência litúrgica”, Foi grande obreiro da Reforma Litúrgica em língua portuguesa, em ordem à Pastoral e à Espiritualidade litúrgicas indispensáveis na ação evangelizadora da Igreja não só nos Encontros Nacionais de Pastoral Litúrgica como na nossa Diocese de Viana do Castelo que visitou em vários anos seguidos para os Encontros Diocesanos, juntamente com Manuel Luís e José Ferreira e António Ferreira dos Santos ou José Fernandes da Silva. Não há praticamente ninguém que tenha participado nos Encontros nacionais ou diocesanos que não lembre a sua figura alta, a voz poderosa e uma enorme simplicidade e simpatia. Costumávamos brincar com o nome dele pois era um nome de ressonâncias messiânicas, lembrando o equilíbrio entre os próprios animais anunciado por Isaías: “O lobo viverá com o cordeiro e o leão comerá feno como o boi…”

Pessoalmente tive muitos contactos com ele, éramos naturalmente amigos pois ele era mesmo amigo de toda a gente. A última vez que o contactei foi para o convidar para um Encontro Diocesano de Liturgia, quase em jeito e como oportunidade para lhe fazermos uma última homenagem, como grande figura que foi dos princípios, ali pelo final da década de setenta. Recusou simpaticamente evocando sobretudo a distância entre Évora e Viana do Castelo para a sua já delicada saúde. Era pároco no Redondo, Arquidiocese de Évora, uma paróquia quase sem praticantes, devido às influência políticas de esquerda que então minavam o Alentejo; uma situação a que reagia com humor… Mais ou menos por essa altura ele escreveu-me e a pedir ajuda acerca da participação das Bandas nas Procissões, para um artigo dos que ele escrevia – creio que como resposta a uma consulta – no Boletim de Pastoral Litúrgica. Ficou particularmente conhecido por esses artiguinhos de pergunta / resposta – que assinava como Um Colaborador do SNL – em que abordava, de forma clara e transparente, os mais diversos assuntos ligados com a liturgia, a música a arte sacra e até a questão das ornamentações dos altares. Com esses artigos foi pulicado depois um livro, uma espécie de Dicionário intitulado A Beleza da Liturgia. Dedicado à questão da Legislação litúrgica foi também autor ou colaborador numa espécie de colecção de documentos sobre a Liturgia: Antologia Litúrgica e Enquiiridion dos Documentos da Reforma Litúrgica.