“Do terror da morte à esperança na ressurreição”
CONFERÊNCIA PRONUNCIADA EM BARCELOS, NUM ENCONTRO DE FORMAÇÃO (2015)
Não é muito difícil assumir a instabilidade da vida e do mundo, considerados de uma forma genérica, e falar de morte pode ser até um bom exercício poético, mas pensar no “meu próprio fim” no sentido da minha vida, é algo que incomoda demasiado, algo que assusta mesmo, ao ponto de, em certas sociedades de tipo burguês, se considerar tabu falar de morte. De facto uma mentalidade aburguesada e politicamente correcta procura ocultar a ideia da morte; existem jornais que evitam o uso desta palavra, usam-se eufemismos para falar dela, publicita-se um falecimento não na “necrologia”, mas na “janela da saudade”; evita-se o contacto com a morte, entrega-se a profissionais que arrumem da forma mais imperceptível as suas consequências: “trate disso e dê-me a conta”; chegou-se ao ponte de termos que reivindicar o “direito a morrer”, pois leva-se às últimas consequências e ao esgotamento dos últimos recursos o prolongamento da vida e até já se vão exigindo, com mais frequência, “satisfações” e responsabilidades a médicos e enfermeiros porque deixaram” alguém falecer.