“A Registação do Órgão Litúrgico”
“Em primeiro lugar, é preciso dar-se conta de que os órgãos foram feitos para servir na igreja que é a casa de Deus e onde particularmente Ele está presente; por isso mesmo, ao órgão se deve estar com aquela compostura que convém a um lugar sagrado. Por outro lado, diz a escritura que “domum Dei decet sanctitudo”, e, por isso mesmo, dela deve ser banido todo e qualquer estrépito ou ruído que possa prejudicar os ofícios divinos. Por isso (…) é preciso censurar todos aqueles que, a propósito e fora de propósito, se põem a papaguear, utilizando o órgão como se tivessem grilos nos dedos ou então movendo os registos do órgão com tais modos que fazem mais barulho que um tear (…) Assim, é importante que, antes de começar a tocar, o organista previdente procure conhecer o instrumento que tem diante, quer quanto a tipo de teclado quer sobretudo a registos que não são os mesmos em toda a parte”. Eis, resumidamente, um conjunto de sábias indicações que Costanzo Antegnati apresenta, de uma forma bem humorada, na sua Arte Organica, editada em 1608 e que afinal não apenas se afiguram de actualidade, mas que podem constituir o ponto de partida para uma abordagem da arte da registação para acompanhamento do canto, objectivo deste apontamento.